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Coluna da Paula Fernandes

Coluna da Paula Fernandes: Como uma garotinha

De todas as expressões que nos diminuem enquanto mulheres, talvez o ‘como uma garotinha’ seja a maior delas. Quando alguém diz que alguém fez algo como uma garota, uma menina, uma mulher ou seus diminutivos, normalmente fazem com intenção de menosprezar a situação. É como mostra a campanha desenvolvida pela Always há algum tempo (veja aqui: https://www.youtube.com/watch?v=aM-ZRggWTjw). No vídeo, percebemos que todas as pessoas que não são garotas correm de maneira desengonçada, às vezes até fingindo preocupações com a imagem, como na maneira como o cabelo está, entre outros.

Esse é o esteriótipo que estamos passando geração a geração para as nossas meninas. Que precisamos ser frágeis e que algo feito por uma garota é digno de piada, apenas. E isso é algo que precisamos mudar. Precisamos mostrar que fazer algo como uma garota é bom. Tão bom quanto fazer como um garoto.

Contudo, a maior preocupação, no meu entendimento, é em casos onde ‘ser como uma menina’ é o mesmo que poder ser violado. Como ouvimos com frequência que acontece com presos por terem cometido estupro. É comum ouvirmos que ‘viram menininha’ na cadeia.

É como no caso de um homem preso há algumas semanas por abusar de uma mulher que foi encontrada inconsciente pela polícia. Na matéria, divulgada pela imprensa mourãoense, podemos ver esse comentário:

P Fernandes 1Alguém duvida de como ele vai ser tratado? Acham exagero? Então vejam só esse outro comentário, na mesma matéria:

P Fernandes 2Parece que virar ‘menina na cadeia’ é sinônimo de piada. E o ‘virar menina’ legitima um discurso que garante aos homens o direito de estuprar as mulheres. Mais, ainda acha piada chamar o ato de estuprar de ‘amar’.

Não, de maneira nenhuma estou defendendo qualquer homem que tenha cometido estupro. Mas é preciso entender que dizer que viraram ‘mulherzinha’ na cadeia é afirmar que, sim, é esse o tratamento que uma mulher merece. E não é.

Precisamos reeducar a nossa sociedade para ver e entender a mulher como igual. É fundamental para um futuro melhor.

2 Comentários

2 Comments

  1. gabi

    14 de outubro de 2015 às 13:33

    Entendo seu lado mas tenho interpretação diferente. Acho que ao dizer “virar mulher na cadeia” é apenas pelo fato de que ocorrerá o coito, algo que normalmente é feito por homens e mulheres, sendo o cidadão em questão a “mulher” visto que este será penetrado (o que normalmente acontece com a mulher e nao com o homem nas relações sexuais). Nao acredito que qualquer pessoa ao dizer tal expressão esteja dando a entender que mulher merece/deve ser estuprada, sinceramente, e sim que o homem ira substituir uma mulher pois será penetrado.

  2. Paula Fernandes

    15 de outubro de 2015 às 1:26

    Gabi, agradeço o seu comentário. Contudo, a penetração acontece sim nos homens. Obviamente, via vaginal é apenas a mulher, mas o ato de penetrar pode ser feito via anal também – inclusive em mulheres. Mas não é a penetração o problema, e sim afirmar que ‘vai virar uma mulherzinha’ na cadeia. Porque, por analogia, sim, virar uma mulherzinha permite que seja estuprado – sexo sem consentimento, homem ou mulher, é estupro. Também não acredito que a pessoa que diga isso queira ‘dar a entender’ que a mulher merece/deve ser estuprada, mas a analogia mostra isso. Não é porque não tem a intenção que deixa de ser, entende? E é com essas ‘sutilezas’ do dia a dia que temos que tomar cuidado. Porque isso é senso comum, então é mais difícil perceber o implícito nesse discurso. Mas ele está ali, é só examinar. ;)

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