Desde que me entendi feminista, busco maneiras de ajudar mulheres a terem uma vida melhor. Aprofundando um pouco meus estudos, comecei a perceber que há mulheres e mulheres. Se o feminismo é necessário na nossa sociedade, a vertente negra dele grita diariamente. Isso porque a nossa sociedade ainda vê negros e mulheres como inferiores. Quando se é os dois, então, o negócio é ainda pior.
E é tão enraizado que nossas reações preconceituosas são sutis. Por exemplo, ao ensinar meninas que, na hora de se maquiarem, elas precisam ‘afinar’ o nariz, para ficar bonito. Ou quando nossas revistas, novelas e quase toda a mídia nos diz que o ideal de beleza é branco, de olhos claros e cabelos lisos – ou ondulados, mas sempre no lugar. E em como o cabelo e os penteados são vistos como ‘bons’ quando segue um padrão que não é o da maioria da nossa população.
Pensando nisso tudo, passei a me perguntar qual o papel que o cabelo representa na sociedade e como ele é visto. Com essa análise, alguns questionamentos passam a surgir, como: ser negro e assumir os cabelos crespos e cacheados é modismo? As pessoas que abandonam a química e deixam os cabelos naturais conseguem construir uma consciência do que é ser negro no Brasil e aceitarem suas origens? Alisar o cabelo é um embranquecimento ou perda da identidade? E resolvi inscrever um projeto na lei de incentivo à cultura de Campo Mourão – modalidade Fepac, e foi aprovado. É o Encrespa CM – a fotografia como objeto de desconstrução do racismo e construção da identidade de meninas pretas e pardas.
O projeto vai acontecer durante seis meses, no Colégio Estadual Vinicius de Moraes, no Cohapar, e vai iniciar juntamente com o ano letivo de 2016, dia 29 de fevereiro. A ideia é empoderar as meninas de lá para que possam se amarem e se aceitarem melhor. Para acompanhar o projeto, é só seguir a página https://www.facebook.com/encrespacm/. Ideias e colaborações são sempre bem-vindas!