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Coluna do Rogério Tonet

Coluna do Rogério Tonet – Cidadania Reflexiva X: Capital Político e Custo de Participação – Uma teoria “econômica” da política.

Coxinha

Na coluna de hoje pretendo apresentar dois conceitos da Teoria Política que estão entre os mais importantes para empreender uma análise sobre o funcionamento do jogo político-social em sociedades complexas e, estes conceitos, são baseados no que poderia ser classificado como uma “Teoria Econômica da Política” já que são conceitos derivados da Ciência Econômica pois tem sua dinâmica e funcionamento similar aos apresentados quando a análise é sobre a economia de um determinado território ou sociedade.

Capital Político

O primeiro conceito que apresento aqui é o de “Capital Político” é derivado de Bourdieu (embora também seja um tipo de “Capital Social” no sentido em que coloca Putnam) e seu significado está ligado à possibilidade, a exemplo do conceito de “Capital” da Economia, de acumulação. O Capital Político é, portanto, um composto de imagem, influência, conexões, ideologia, contatos, histórico de pessoas (que podem ser políticos) ou de instituições (entre estas, partidos). O Capital Político é, então, também um capital midiático, já que depende não somente do conteúdo mas também da forma como os políticos e partidos apresentam-se para a sociedade.

O Capital Político será então um reconhecimento social de aceitação de algumas pessoas e instituições como agentes políticos legítimos dentro de uma determinada sociedade. Embora o Capital Político seja uma avaliação subjetiva a acumulação pode ser medida objetivamente à medida que transforma-se em votos e em cargos (eletivos ou por indicação).

A análise da política sob esta ótica é interessante, já que permite entender como este capital pode ser cedido, sob a forma de apoios, pode ser transferido hereditariamente de uma geração para outra, na forma de “herança política” ou da formação de famílias ou “Clãs” de políticos.

Custo de Participação

O outro conceito a ser apresentado aqui é o de “Custo de Participação” que representa o total de esforços empreendidos por um indivíduo para participar ativamente de ações políticas e são avaliadas segundo sua complexidade e demandas. Assim, enquanto algumas atividades tem pequena demanda sobre o individuo em termos de tempo e esforço, outras, dependem de grande dedicação e envolvimento. O conceito apresentado pelo professor estadunidense Lester Milbrath na década de 1960, propõe um continuum que vai de atividades simples, de baixa dedicação e quase descompromissadas até atividades que exigem dedicação exclusiva às atividades políticas. Este continuum é assim descrito: i) Expor-se a solicitações políticas (assistir ou participar de passeatas ou de um panelaço, por exemplo); ii) votar; iii) participar de uma discussão política; iv) tentar convencer alguém a votar de determinado modo; v) usar um distintivo político; vi) fazer contato com políticos sobre determinada questão; vii) contribuir com dinheiro com um partido político ou causa; viii) assistir a um comício, debate ou assembleia; ix) dedicar-se a uma campanha política ou uma causa; x) ser membro ativo de um partido político ou de uma ONG; xi) participar de reuniões onde se tomam decisões políticas (como audiências públicas ou de Conselhos de Políticas Públicas);  xii) participar de campanhas solicitando doações para causas políticas; xiii) candidatar-se a cargos eletivos; e xiv) ocupar cargos públicos.

Panelaço e Passeatas “festivas” de direita: Custo de participação nulo, reflexão ZERO

Símbolos da pseudo-mobilização da direita hidrofóbica, as passeatas “Festivas” e “Pacíficas” e os panelaços são as formas mais baixas de “mobilização” e custo de participação próximo de zero.  Não há que se fazer a menor comparação com passeatas de sindicatos ou entidades de classe, já que pessoas envolvidas nestas organizações dedicam parte de seu tempo em reuniões onde se promove formação política – as vezes de forma sistemática, mas, mesmo que de forma desordenada a reflexão sobre as condições de trabalho e das relações capital-trabalho são válidas – onde são deliberadas decisões coletivas, estratégias de negociação e de manifestação.

Embora alguns meios de comunicação e partidos políticas (declarada ou veladamente conservadores) queiram desqualificar as manifestações resultantesdessa ação coordenada entre sindicatos e trabalhadores para passeatas, apontando-os como “profissionais” ou “militantes pagos” (o que não é verdade) este tipo de manifestação é, na escala apresentada, um somatório de várias formas de participação com altíssimo grau de envolvimento e de investimento de tempo, reflexão e deliberação.

De outro lado, a demonstração da “indignação” contra a “corrupção” (seletiva e travestida hipocritamente de uma moralidade flexível e parcial) da direita é uma adesão fácil e descompromissada. Embora represente alguma indignação é de se suspeitar que esta seja só uma reação ao bombardeio de notícias ruins a que a classe média tem sido exposta sistematicamente pela dita “Grande Mídia” (coloco em letras maiúsculas por que ela tem nome e está instituicionalizada e é representada pelas redes de TV, pelos grandes jornais e revistas semanais).

Mesmo que seja uma nulidade em termos de qualidade de participação política, as passeatas e panelaços ganham relevo pela grande exposição que a Grande Mídia proporciona e, assim, torna-se capital político relevante enquanto a mesma mídia desqualifica os movimentos legítimos e resultado de um grande esforço de reflexão e organização dos sindicatos e órgãos de classe.

O Panelaço como símbolo da PREGUIÇA POLÍTICA e da tendência AUTORITÁRIA da direita

Por fim, qualifico os “Panelaços” que estão sendo promovidos durante as falas da presidente Dilma e do programa partidário do PT, como símbolo de dois fenômenos em crescimento nas classes mais abastadas, a manifestação fácil, sem custo de participação e a censura que resulta deste tipo de manifestação.

Em primeiro lugar, o Panelaço, assim como as “Passeatas Festivas” da direita, são o símbolo da PREGUIÇA POLÍTICA destas pessoas que participam destes atos, pois, repito, são atos descompromissados, são apenas adesão e não reflexão sobre as reais condições do país. Não há reunião ou discussão, são INDIVIDUOS que aderem e não uma classe que se agrupa. É movimento de manada e não racional. Não há agenda simplesmente porque não há razão!

Por fim, o resultado é que os indivíduos são convocados e aceitam essa “ordem”, sem reflexão porque o discurso tem aparência legítima (todos são contra a corrupção, mas ninguém discute quais as fontes da corrupção e nem como acabar com o problema). O resultado é que a massa de indivíduos não está lá por uma causa legítima, aderiram porque era fácil, cômodo e ainda oferece recompensas sociais (a “selfie” declarando que o sujeito esteve lá e cumpriu com seu “dever cívico”). Não há esforço para ir a uma festa, assim como não há esforço para ir a um movimento como este.

Adesão sem reflexão era exatamente o que pretendia Goebbels…

Por outro lado, o discurso da presidente Dilma no dia do trabalho não foi ao ar em Rede Nacional, porque o panelaço estava preparado… a censura foi implantada exatamente por aqueles que votaram no parlamento mais conservador desde o Regime Militar e que querem a volta da ditadura.

Nem Goebbels pensaria nisso…

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