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Coluna do Wesley Ribeiro

Coluna do Wesley Ribeiro: Sobre empreendedorismo

Talvez, um dos principais problemas com o liberalismo seja igualar os indivíduos às instituições por meio de sua ideia de empreendimento. Porque os empreendimentos são realizados (a maior parte deles) sempre por mais de um indivíduo, muitas vezes por um grande número de indivíduos e, no entanto, inúmeras vezes, estes empreendimentos representam o interesse de um só indivíduo ou de um pequeno grupo de indivíduos.

Quando trabalhando em uma empresa, por exemplo, estou colaborando para a realização de um empreendimento no qual, muito provavelmente, me envolvo não por convicção, por paixão ou qualquer coisa parecida, mas por necessidade. Necessidade significa, neste caso, precisar ganhar salário para poder suprir carências materiais (alimentação, moradia, etc.) e também carências não materiais: educação, entretenimento, etc. Portanto, esta escolha não pode ser considerada uma escolha livre: sou obrigado por minhas necessidades, as naturais e também aquelas socialmente construídas, a associar-me a um empreendimento qualquer em troca de um salário. Não há outra alternativa. Muitas vezes, o trabalhador pode não concordar com a natureza do empreendimento com a realização do qual ele colabora, pode não concordar com os fins como também com os meios empregados, mas o risco real de perder o emprego, o que, possivelmente, o colocaria na miséria, faz com que ele se sacrifique. A vontade de viver parece ser maior que a vontade de evitar-se o sofrimento.

As empresas (instituições que realizam determinados empreendimentos cuja finalidade última é o lucro) mais conscientes disto procuram convencer seus empregados que a realização de seu empreendimento coincide com a realização individual de todos os indivíduos envolvidos nele e, as melhores, dentre elas, procuram recompensar o trabalho de seus colaboradores ao invés de apenas tratá-los duramente porque os têm em suas mãos. Mas o medo de perder-se o emprego está sempre presente para o trabalhador e, quanto mais pobre o trabalhador, mais ele será refém desta situação – e esta é a situação da maior parte dos trabalhadores.

Há todo um projeto de educação para o trabalho que visa formar pessoas que não vejam outra possibilidade na vida que aquela de escolher-se uma profissão e dedicar-se a um empreendimento alheio por toda sua vida, integralmente. Mas nunca a realização de um empreendimento alheio satisfará plenamente homem algum, a não ser que este empreendimento torne-se seu também. Todavia, para que ele torne-se seu, não basta o enganar-se a si mesmo, sem estar realmente convencido, motivado por alguma recompensa possível. Em primeiro lugar, para que você tenha um propósito seu, para que realize um empreendimento seu, você precisará de tempo para dedicar a si. Se, desde que nasceu, só realiza o propósito dos outros, e é educado para aceitar a “necessidade” disto, como acontece, se não com todos, com a maior parte de nós, você não teve tempo para dar um rumo próprio a sua vida.

É importante frisar que, quando falo em empreendimento, estou querendo dizer algo bem mais abrangente que o que se diz com o mero empreendimento cuja finalidade última é o lucro. Um homem que dedica sua vida a acumular bens, ao meu ver, é um homem muito pobre de espírito – e a maior parte dos homens consegue apenas acumular males: as mais diversas doenças do corpo e do espírito! E se seu empreendimento fosse dedicar-se à literatura, tornar-se um grande artista (não um artista famoso), dedicar sua vida à filosofia ou algo assim? Nenhuma empresa fornecerá para você. esta possibilidade.

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